Nem toda moeda brasileira “gruda” em um ímã. À primeira vista, o fato pode parecer sinal de falsificação, mas a explicação está na química dos metais usados na cunhagem. Entre 1998 e 2001, o Banco Central produziu moedas de R$ 1 e R$ 0,50 feitas com ligas sem ferro — o elemento responsável pelo magnetismo.
Nesse período, as moedas de R$ 0,50 eram de cuproníquel, mistura de cobre e níquel. Já as de R$ 1,00 combinavam um núcleo de cuproníquel e um aro de alpaca, liga que inclui também o estanho e o zinco. Esses metais, apesar do brilho e da durabilidade, não possuem propriedades ferromagnéticas. Por isso, não sofrem atração de ímãs comuns.
A partir de 2002, o cenário mudou. Com o aumento do preço do cobre e do níquel, o Banco Central passou a usar o aço inoxidável e o aço revestido de bronze. O ferro presente nessas ligas tornou as moedas mais baratas e, ao mesmo tempo, magneticamente ativas. Desde então, quase todas as moedas do real podem ser puxadas por um ímã.
O magnetismo, fenômeno físico que ocorre quando domínios microscópicos de ferro, níquel ou cobalto se alinham a um campo magnético, transformou-se também em recurso de segurança. A resposta ao ímã ajuda máquinas de venda e contadores automáticos a reconhecer moedas legítimas.
Entre os colecionadores, o teste do ímã é uma ferramenta prática para identificar as peças mais antigas. A ausência de atração é sinal de autenticidade para moedas produzidas até 2001, e não de falsificação.
Mais do que uma curiosidade de balcão, a diferença entre moedas atraídas e inertes ao ímã conta parte da história econômica recente do País. A substituição de ligas caras por metais ferromagnéticos mostra como a física e a economia se encontram até nos bolsos dos brasileiros.