Uma rara moeda de ouro celta de 2.200 anos, ligada a uma antiga lenda sobre tesouros no fim do arco-íris, foi identificada como a mais antiga já descoberta na Saxônia, no leste da Alemanha. O achado oferece novas perspectivas sobre o comércio e as conexões culturais entre os povos locais e as comunidades celtas do sul da Europa.
O artefato, conhecido como “Cálice do Arco-Íris”, foi encontrado em julho de 2025 pelo detectorista certificado Daniel Fest, em um campo de Gundorf, perto de Leipzig. Ele notificou as autoridades, que confirmaram a autenticidade após meses de análise. O anúncio oficial foi feito em 27 de outubro pelo Escritório Estadual de Arqueologia da Saxônia.
Com dois gramas e feita de ouro quase puro, a moeda apresenta formato curvado e brilho intenso. Segundo a arqueóloga Regina Smolnik, o objeto representa “uma evidência material das relações comerciais e culturais entre a Saxônia e os celtas”. Por seu excelente estado de conservação, acredita-se que não tenha circulado como moeda comum, servindo antes como símbolo de status ou sinal de riqueza de um membro da elite.
O anverso traz a cabeça estilizada de um animal, possivelmente um cervo, e o reverso mostra um colar celta (torc) cercando uma estrela e uma esfera. Classificada como um quarto de estáter celta, foi provavelmente cunhada no norte da Boêmia, um dos principais centros celtas do século III a.C.
Até hoje, apenas 11 moedas celtas haviam sido encontradas na Saxônia. A nova descoberta antecede em mais de um século o exemplar mais antigo conhecido — um quinário de prata achado em 2007, em Zauschwitz. Para a ministra da Cultura e Turismo, Barbara Klepsch, a moeda “traz à tona uma parte esquecida da história e mostra como a colaboração entre cidadãos e arqueólogos pode proteger o patrimônio cultural”.