Não é só nos EUA: uma análise global dos países que utilizam o dólar americano como moeda

Não é só nos EUA: uma análise global dos países que utilizam o dólar americano como moeda

O dólar americano (USD), criado em 1792, é hoje a moeda mais utilizada no mundo. Oficialmente, pertence aos Estados Unidos, mas é adotado total ou parcialmente por dezenas de países e territórios. Em alguns casos, substitui por completo a moeda local. Em outros, circula de forma paralela, refletindo crises econômicas, acordos políticos ou simples conveniência.

O fenômeno, conhecido como dolarização, assume diferentes formas. Pode ser formal — quando o país torna o dólar sua moeda oficial — ou informal, quando a população opta por ele mesmo sem amparo legal. Seja qual for o modelo, o uso do dólar fora dos EUA revela muito sobre as fragilidades econômicas globais e a centralidade do sistema financeiro americano.

1. Adoção oficial: países que trocaram sua moeda pelo dólar

Pelo menos dez países utilizam hoje o dólar como moeda oficial. O caso mais antigo é o do Panamá, que adotou o dólar em 1904, após se separar da Colômbia e se alinhar aos EUA na construção do Canal do Panamá. Desde então, o dólar circula ao lado do balboa panamenho, cunhado apenas em moedas.

Nos anos 2000, a dolarização ganhou força em resposta a colapsos econômicos. O Equador trocou o sucre pelo dólar em 2000, depois de uma crise bancária, inflação descontrolada e perda de confiança no sistema financeiro. A medida trouxe estabilidade, mas também limitou a autonomia do país em política monetária.

O mesmo ocorreu em El Salvador, que oficializou o dólar em 2001. A expectativa era atrair investimentos e reduzir custos em transações internacionais. Já em Timor-Leste, a escolha se deu em 2000, durante a reconstrução do país após a independência. O dólar foi visto como alternativa segura frente à instabilidade regional.

Zimbábue também entrou nessa lista. Após uma hiperinflação que chegou a 89,7 sextilhões por cento ao ano, em 2008, o país abandonou sua moeda. Em 2009, passou a permitir transações em várias moedas, incluindo o dólar. Hoje, apesar de tentativas de relançar o dólar zimbabuano, boa parte da economia continua dolarizada.

2. Territórios e regiões que usam o dólar por vínculo político

Além dos países independentes, diversos territórios e dependências utilizam o dólar por vínculo direto com os Estados Unidos. É o caso de Porto Rico, Guam, Ilhas Virgens Americanas, Ilhas Marianas do Norte e Samoa Americana. Todos são territórios não incorporados dos EUA, com circulação exclusiva do dólar.

No Pacífico, três países — Ilhas Marshall, Micronésia e Palau — usam o dólar como resultado de acordos de Livre Associação com os EUA. Em troca de proteção militar e apoio financeiro, aceitaram adotar o USD como moeda oficial.

Outros territórios optaram pelo dólar por laços econômicos. As Ilhas Virgens Britânicas, por exemplo, utilizam o dólar desde 1959, devido ao fluxo intenso de turistas e negócios com os EUA. Já as ilhas de Bonaire, Saba e Santo Eustáquio — parte do Caribe Holandês — adotaram o dólar em 2011, após a dissolução das Antilhas Holandesas.

3. Dolarização informal: o dólar como alternativa à moeda nacional

Em muitos países, o dólar não é oficial, mas circula amplamente. Isso ocorre principalmente em economias instáveis, marcadas por inflação alta, desvalorização da moeda ou desconfiança nas instituições.

Na Argentina, por exemplo, o dólar é parte da vida cotidiana. Embora o peso argentino ainda seja a moeda oficial, a população recorre ao dólar como reserva de valor, meio de pagamento em imóveis, eletrônicos e até em contratos de aluguel. A inflação alta e a constante perda do poder de compra alimentam essa dolarização informal.

Cenário semelhante é visto no Líbano, onde a libra libanesa perdeu mais de 90% de seu valor nos últimos anos. Como resposta, lojas, prestadores de serviço e até órgãos públicos passaram a cobrar em dólares, ainda que sem autorização oficial.

No Camboja, o dólar é aceito em quase todas as transações urbanas, ao lado do riel cambojano. Estima-se que mais de 80% da economia funcione em dólar. A prática começou nos anos 1990, com a presença americana na reconstrução do país.

Outros exemplos de dolarização informal incluem Haiti, Venezuela, Libéria, Afeganistão, Mianmar e Vietnã. Nestes países, o dólar serve como alternativa frente à instabilidade econômica ou como facilitador para o turismo.

4. O dólar no turismo e em grandes transações

Mesmo em países com moedas estáveis, o dólar pode ser aceito por conveniência. É comum que estabelecimentos turísticos em países como México, Bahamas, Jamaica, Canadá e Costa Rica aceitem o dólar como forma de pagamento, especialmente em áreas com forte presença de visitantes americanos.

Além disso, o dólar é amplamente utilizado no comércio internacional. Commodities como petróleo, ouro, soja e café são cotadas em USD. Isso faz com que muitos países mantenham reservas em dólar e realizem contratos internacionais nessa moeda.

5. Por que o dólar é tão dominante?

O dólar se fortaleceu após a Segunda Guerra Mundial, com o acordo de Bretton Woods (1944), que o colocou no centro do sistema financeiro global. Desde então, os EUA se tornaram a maior economia do mundo, com mercado de capitais robusto, estabilidade institucional e poder militar. Isso fez do dólar um símbolo de segurança.

Cerca de 60% das reservas cambiais globais estão em dólares, segundo o FMI. Mais de 40% das transações globais usam a moeda americana. Para muitos países, usar o dólar significa acessar mercados, reduzir riscos e evitar crises de confiança.

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