Você sabia que os Estados Unidos já imprimiram uma nota de 100 mil dólares? Mais surpreendente ainda: ela ainda é considerada moeda oficial. Mas não espere vê-la em circulação — essa cédula foi feita para um propósito muito específico e jamais chegou às mãos do público.
Neste artigo, você vai entender por que essa nota existe, qual foi sua função histórica e como ela se diferencia de outras cédulas de alto valor que já circularam nos EUA.
A misteriosa nota de US$100.000: o que é e por que foi criada?
A nota de US$100.000 pertence à série de 1934 e foi emitida durante um momento crítico da economia americana: a Grande Depressão. Mas ela não era uma nota comum. Foi impressa como um Certificado de Ouro, não como uma nota do Federal Reserve.
Seu objetivo era puramente técnico: facilitar transferências internas entre bancos do governo federal, especialmente entre as agências do Federal Reserve e o Tesouro dos EUA. Nada de pagamento no supermercado ou em lojas. Era uma ferramenta contábil, usada somente entre instituições financeiras governamentais.
A emissão da nota está ligada a uma das decisões mais polêmicas do presidente Franklin D. Roosevelt: a Ordem Executiva 6102, que em 1933 proibiu a posse privada de ouro nos Estados Unidos. Em 1934, com a Gold Reserve Act, o ouro foi transferido ao controle exclusivo do governo, que precisava de instrumentos para gerenciar esse novo sistema.
Resultado? Nascia a nota de cem mil dólares, usada apenas por dentro do próprio governo.
Como ela era?
A nota traz o retrato de Woodrow Wilson, 28º presidente dos EUA, no anverso. É visualmente marcante:
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Impressa em laranja e com selo dourado
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Mede 157 mm x 66 mm
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Possui a inscrição:
"Certifica-se que há um depósito no Tesouro dos Estados Unidos da América de cem mil dólares em ouro, pagáveis ao portador sob demanda, conforme autorizado por lei."
No verso, o destaque é o número 100.000 com um cifrão estilizado irradiando raios de luz — uma estética poderosa para um instrumento monetário que ninguém podia usar.
Essa nota é legal? Posso ter uma?
Sim e não.
A nota de US$100.000 ainda é considerada moeda de curso legal, mas é ilegal tê-la em posse privada. Ela nunca foi autorizada para uso entre cidadãos. Todos os exemplares pertencem exclusivamente ao governo dos EUA. Estima-se que cerca de 42 mil cédulas tenham sido impressas, todas para uso oficial, e nunca colocadas em circulação.
Atualmente, algumas estão preservadas em instituições como o Smithsonian Institution, em Washington, onde podem ser vistas em exibição. Qualquer exemplar fora dessas instituições é considerado obtido de forma ilegal.
Reproduções (cópias claramente marcadas como tais) são vendidas em lojas de curiosidades e sites de comércio eletrônico, mas não têm valor legal ou numismático.
E as outras notas gigantes dos EUA?
Além da cédula de US$100.000, os Estados Unidos já emitiram outras notas de alta denominação: US$500, US$1.000, US$5.000 e US$10.000. Ao contrário da de 100 mil, essas chegaram a circular entre o público.
Eram usadas principalmente em transações entre bancos e grandes empresas, antes da era das transferências eletrônicas. Foram oficialmente descontinuadas em 1969, por serem pouco utilizadas. Mas continuam sendo moeda legal — e, diferentemente da nota de US$100.000, são permitidas em coleções particulares.
Alguns dos retratos famosos nessas notas:
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US$500 – William McKinley
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US$1.000 – Grover Cleveland
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US$5.000 – James Madison
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US$10.000 – Salmon P. Chase
Por causa da raridade, essas cédulas valem muito mais do que seu valor facial. Um US$1.000 em bom estado pode valer dezenas de milhares de dólares entre colecionadores.