Foto:Gabor Lakos/Museu de História de Budapeste
Arqueólogos descobriram em Óbuda, parte da antiga Aquincum, um sarcófago romano fechado há 1.700 anos. O caixão de calcário, vedado com chumbo e grampos de ferro, preservou um conjunto raro de objetos. Entre eles, 140 moedas que permitem datar com precisão o enterro de uma jovem da elite no início do século IV.
A integridade do túmulo transforma o achado em referência para estudos numismáticos da Panónia. Em contextos violados, a mistura de peças dificulta a datação. Aqui, a moeda mais recente estabelece o terminus post quem, fixando o período exato do sepultamento. O conjunto funciona como registro direto da circulação monetária no limes danubiano no início da era constantiniana.
O número de moedas intriga os especialistas. O ritual romano previa uma única peça para a passagem simbólica ao submundo. A presença de 140 indica riqueza e intenção clara de formar um pequeno tesouro. A família, ao selar o sarcófago, buscou proteger não só a memória da jovem, mas também o valor econômico depositado com ela, em um período marcado por inflação e instabilidade.
As moedas devem revelar quais oficinas abasteciam Aquincum. Cunhos de Siscia, por exemplo, eram comuns na região. Se o conjunto apresentar apenas nummi de bronze, refletirá o desgaste monetário da época. A presença de prata, considerada rara nesses contextos, mostrará acesso privilegiado à administração imperial.
O estado do sarcófago garante que a análise numismática oferecerá uma fotografia fiel da economia local. O Museu de História de Budapeste fará o catálogo completo do numerário, etapa que deve esclarecer padrões de circulação, abastecimento militar e redes de poder na fronteira do Danúbio.
A descoberta coloca Aquincum no centro das pesquisas sobre o Baixo Império. As moedas, preservadas em situação excepcional, serão fundamentais para entender como a elite da Panónia administrava riqueza e navegava a crise que transformou o mundo romano no século IV.