13 de maio é uma data marcante na história do Brasil. Em 1888, nesse dia, foi assinada a Lei Áurea, que extinguiu oficialmente a escravidão no país. O ato foi sancionado por Isabel Cristina Leopoldina de Bragança, a Princesa Imperial do Brasil, então regente do Império. Filha de Dom Pedro II e herdeira presuntiva do trono, ela ficou conhecida como “A Redentora” por sua participação decisiva nesse momento.
Embora o tema da abolição seja complexo e envolva muitos atores sociais e históricos, o papel da princesa no ato final da assinatura é reconhecido como símbolo de uma mudança fundamental. Dentro desse marco histórico, o nome da Princesa Isabel passou a figurar também em um campo especial da memória nacional: a numismática.
A Princesa nas Cédulas Brasileiras
Apesar de sua relevância, não há registro de nenhuma moeda brasileira cunhada com a efígie da Princesa Isabel. Entretanto, ela foi homenageada em duas emissões de cédulas, ambas lançadas pelo Banco Central do Brasil no século XX:
📄 50 Cruzeiros (1ª Família do Cruzeiro Novo – 1967 a 1972)
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Anverso: retrato da princesa com seu nome completo e datas de nascimento e falecimento (1846–1921).
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Reverso: painel com a pintura “Lei Áurea”, de Cadmo Fausto de Souza, representando a assinatura do documento em 1888.
📄 200 Cruzeiros (Segunda Família do Cruzeiro – 1981 a 1987)
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Uma nova homenagem, com arte modernizada, mantendo o retrato da princesa no anverso e a cena simbólica da abolição no verso.
Ambas as cédulas integram o acervo do Museu de Valores do Banco Central do Brasil, compondo o conjunto de raras representações femininas no papel-moeda nacional. A Princesa Isabel foi, de fato, a primeira mulher a aparecer em uma nota brasileira, o que reforça sua singularidade dentro da história política e da iconografia do dinheiro nacional.
Numismática e Memória
A representação de figuras históricas no dinheiro é uma forma de construir e preservar a memória coletiva. No caso da Princesa Isabel, seu papel como regente e sua relação direta com a Lei Áurea fazem dela uma personagem que transcende a política e passa a habitar também o imaginário cultural brasileiro. O registro de sua imagem nas cédulas destaca o valor simbólico que lhe foi atribuído nas décadas de 1960 e 1980, especialmente em um contexto em que a história do Brasil buscava reforçar ícones nacionais.
Neste 13 de maio, data que marca a assinatura da Lei Áurea em 1888, é oportuno lembrar que, além da atuação da Princesa Isabel, outros atores históricos também contribuíram de forma decisiva para a luta abolicionista no Brasil — incluindo líderes, intelectuais e movimentos organizados da população negra. Apesar disso, essas figuras ainda são pouco representadas na memória oficial e na numismática nacional. Um exemplo notável é a cédula de 200 cruzeiros reais de 1993, que homenageia Zumbi dos Palmares, símbolo da resistência contra a escravidão.
Outro exemplo de protagonismo negro na história do Brasil foi o de André Rebouças. Filho de um ex-escravo alforriado, Rebouças foi engenheiro, inventor e abolicionista fervoroso, também monarquista convicto. Ele se aproximou da família imperial, especialmente da Princesa Isabel, e acreditava que a monarquia poderia promover a modernização e a justiça social no país. Após a Proclamação da República, Rebouças se exilou com a família imperial, por não apoiar o novo regime republicano.