Mais conhecidos como monges guerreiros das Cruzadas, os Cavaleiros Templários foram também protagonistas de uma revolução financeira. A ordem, fundada em 1119, criou um modelo de operações bancárias que influenciaria o sistema financeiro europeu por séculos.
Para proteger peregrinos cristãos rumo a Jerusalém, os templários estabeleceram um método de custódia de valores. O viajante podia depositar dinheiro em uma fortaleza da ordem — como a Temple Church, em Londres — e retirar o valor em outro posto templário, como em Jerusalém. Em vez de carregar moedas, bastava portar uma carta de crédito, autenticada e registrada.
Esse sistema de transferências à distância antecipava os princípios das atuais letras de câmbio, usadas no comércio internacional. Segundo o historiador William Goetzmann, os templários também forneciam empréstimos, cobravam taxas e mantinham registros contábeis padronizados. Financiavam cruzadas, bancavam reinos e administravam fortunas.
As sedes da ordem funcionavam como cofres invioláveis. A Torre do Templo, em Paris, era considerada tão segura que abrigava os tesouros da coroa francesa. Em um episódio marcante, os templários emprestaram 150 mil libras ao rei Luís IX — um valor astronômico para a época.
Há registros de que a ordem aplicava práticas semelhantes às reservas fracionárias: mantinha parte do dinheiro em caixa e emprestava o restante, movimentando a economia e ampliando seu poder.
O sistema durou até 1307, quando o rei Felipe 4º, da França, ordenou o cerco ao Templo de Paris. Endividado com a ordem e sem disposição para quitar a dívida, articulou sua queda com apoio do papa Clemente 5º. A ordem foi dissolvida oficialmente em 1312.
Os bens dos templários foram confiscados. Muitos membros foram presos ou executados, como Jacques de Molay, o último grão-mestre. O modelo bancário implantado pela ordem desapareceu, mas influenciou estruturas usadas depois por banqueiros italianos.
O Templo de Londres, epicentro das operações financeiras templárias, ainda existe. Hoje, abriga escritórios de advocacia e mantém sinais visíveis da presença templária — memória concreta de uma instituição que operou, na prática, o primeiro banco internacional da história.