A identidade das 30 moedas entregues a Judas Iscariotes para trair Jesus Cristo é tema de debate entre historiadores e numismatas. O contexto histórico aponta para o ano de 33 d.C., período da administração do imperador Tibério na Judeia, província controlada por Roma.
As Moedas Romanas em Circulação
Naquele período, circulavam principalmente denários de prata emitidos por Tibério e também moedas anteriores, cunhadas sob Augusto. Assim como hoje, moedas de décadas anteriores continuavam em uso. Muitas vezes, elas eram contramarcadas para confirmar sua validade.
O denário de Tibério trazia no anverso o retrato laureado do imperador, com inscrições em latim, e no reverso, a figura de uma mulher sentada, geralmente interpretada como a Pax Romana ou como Lívia, mãe de Tibério.
Já o denário de Augusto apresentava o busto do imperador no anverso. No reverso, uma cena com seus netos, Caio e Lúcio, retratados com lanças e escudos. Essas imagens tinham forte caráter político, buscando legitimar a sucessão imperial.
O Shekel de Tiro: Candidato Mais Provável

Apesar da circulação de moedas romanas, muitos estudiosos apontam outro candidato mais provável: o shekel de Tiro, uma moeda de prata amplamente usada entre os judeus. Produzida entre 126 a.C. e 65 d.C., ela atendia ao padrão exigido pelas autoridades religiosas para transações dentro do Templo de Jerusalém.
O shekel de Tiro trazia, no anverso, a figura de Melqart, divindade fenícia associada a Hércules, e no reverso, uma águia. Cada moeda pesava cerca de 14,3 gramas de prata, o que a tornava ideal para pagamentos de valor significativo.
Além disso, como lembra a literatura bíblica, os sacerdotes retiraram as 30 moedas diretamente do tesouro do Templo. Isso reforça a hipótese de que elas eram shekels, uma vez que o Templo só aceitava moedas de alto teor de prata e cunhagem reconhecida.
A Importância do Estado de Conservação (Fonte: Bentes Brasil)
Se hoje fosse possível encontrar uma dessas moedas usadas na traição de Judas, seu valor no mercado numismático dependeria fortemente do estado de conservação. Como explica Rodrigo Maldonado, especialista da Bentes , moedas antigas têm seu preço determinado por fatores como desgaste, riscos, marcas e o grau de preservação dos detalhes.
A escala de avaliação, baseada na classificação internacional e adaptada para o Brasil, vai de MB (Muito Bem Conservada) até FDC (Flor de Cunho). Moedas com desgaste acentuado, por exemplo, têm valor bem inferior às que mantêm traços originais nítidos.
Um Mistério que Permanece
Apesar das evidências arqueológicas e numismáticas, a identidade exata das 30 moedas de Judas continua sem resposta definitiva. Denários de Tibério, denários de Augusto ou shekels de Tiro: todos são candidatos plausíveis. O mais aceito entre os estudiosos, porém, continua sendo o shekel, por sua ligação direta com o Templo e o contexto religioso da época.