A mulher que aparece nas notas do real não existe de fato, mas sua imagem carrega um significado poderoso. Inspirada na tradição republicana, essa efígie representa a força, a liberdade e a democracia. Sua origem remonta à Revolução Francesa, onde uma figura feminina se tornou o maior símbolo do regime republicano: Marianne, a alegoria da liberdade.
Marianne: a mulher que guiou revoluções
A escolha de uma mulher para representar a República não foi por acaso. Durante a Revolução Francesa (1789), os revolucionários precisavam de um símbolo forte para traduzir os ideais de liberdade, igualdade e fraternidade. Foi assim que surgiu Marianne. A mulher foi escolhida por associar-se à ideia de nutriz da pátria, capaz de gerar e proteger a nova ordem republicana. Além disso, sua imagem transmitia equilíbrio entre força e acolhimento, algo essencial para um governo voltado ao povo, figura essa que se tornou um dos maiores ícones da democracia no mundo.
A imagem mais famosa de Marianne está na pintura A Liberdade Guiando o Povo (1830), do artista Eugène Delacroix. No quadro, ela aparece com os cabelos ao vento, segurando a bandeira da França e liderando o povo em um levante revolucionário. Sua figura representa a força do povo na luta por direitos e inspirou diversas repúblicas ao redor do mundo.
A mulher das cédulas do real
No Brasil, a efígie feminina que ilustra todas as notas do real segue essa tradição. Desde o lançamento da moeda, em 1994, a figura aparece estilizada como uma escultura clássica, remetendo à solidez e ao poder do regime republicano.
Embora inspirada em Marianne, essa imagem não tem um nome oficial. Ela não representa uma pessoa real, mas sim um conceito: a República e seus ideais. A presença feminina na moeda reflete a importância da mulher como símbolo de transformação social e política.
Força feminina na história
O uso de figuras femininas como símbolo do Estado é comum em diversas nações. Além da França, Portugal também adotou uma representação da República em suas moedas. Já nos Estados Unidos, o rosto da Estátua da Liberdade – outro ícone inspirado em Marianne – aparece em diversas cédulas e selos.
Mesmo com a substituição das cédulas da primeira família do real, anunciada pelo Banco Central, a imagem feminina continua presente na segunda geração da moeda. No Dia Internacional da Mulher, essa efígie carrega um significado especial: representa a luta histórica das mulheres por liberdade, igualdade e participação na sociedade.