Historiador norte-americano recebe o Prêmio Shekel de 2025 por obra sobre medalhística judaica
O historiador e médico norte-americano Ira Rezak foi o vencedor do Prêmio Shekel de 2025, distinção internacional dedicada à melhor publicação sobre numismática judaica. O prêmio é concedido anualmente pela revista The Shekel, ligada à American Israel Numismatic Association (AINA), e reconhece contribuições acadêmicas que ampliam o entendimento da história do povo judeu por meio de moedas, medalhas e outros objetos metálicos.
O prêmio homenageia, em especial, estudos que abordam moedas da Judeia antiga, cunhagens da Terra Santa, ou artefatos numismáticos de relevância cultural e religiosa. A escolha de Rezak destaca o papel das medalhas como fontes históricas — especialmente em períodos nos quais o povo judeu não dispunha de um Estado capaz de emitir moeda oficial.
A premiação inclui uma medalha de três polegadas em alto-relevo, projetada pelo renomado artista alemão Victor Huster, responsável também pelo design da moeda israelense de 1 shekel em 1985. A peça simboliza o próprio tema da obra premiada: o valor artístico e documental da medalhística como instrumento de preservação da memória.
Uma história judaica contada em metal
A obra premiada, Jewry Reflected, Refracted and Recorded on Medals (Judaísmo refletido, refratado e registrado em medalhas), é um livro-catálogo originado de uma exposição montada por Rezak no Center for Jewish History, em Nova York. A publicação analisa medalhas, fichas, insígnias e amuletos ligados à história judaica, com base em peças da coleção pessoal do autor.
Rezak defende que, ao longo dos séculos, em meio à dispersão e à ausência de um governo soberano, os judeus utilizaram esses objetos metálicos como forma de afirmar identidade, homenagear figuras marcantes, registrar eventos e preservar valores culturais. O livro propõe uma estrutura em três eixos — refletir, refratar e registrar — para explicar como as medalhas funcionam como espelhos da experiência judaica.
Entre os exemplos destacados, estão medalhas como a A Jewish Mother, de Boris Schatz, exaltando a caridade e os valores familiares; ou a peça criada para a Feira do Levante de 1932, em Tel Aviv, com o inusitado símbolo do “camelo voador”, representando inovação e adaptação.
Um colecionador meticuloso
A trajetória de Ira Rezak na numismática começou ainda criança, com uma moeda estrangeira recebida do avô. Ao longo de mais de sete décadas, construiu uma coleção especializada em medalhas judaicas, médicas e russas. Mesmo tendo seguido carreira na medicina, como professor clínico da Universidade Estadual de Nova York em Stony Brook, manteve a numismática como uma “segunda profissão”, aliando rigor científico à investigação cultural.
Fellow da American Numismatic Society, Rezak já havia presidido o comitê do próprio Prêmio Shekel em 2022. Agora, é ele quem recebe a honraria máxima do setor.