É uma prática que em algumas áreas de estudo se faça um Decálogo, que vem a ser um conjunto de dez regras com sugestões de boas práticas e conselhos, visando estabelecer paradigmas meritórios dos integrantes daquela área e, naturalmente, o Colecionismo Numismático possui o seu.
Na Medalhística não poderia ser diferente, e tal Decálogo foi escrito por A. Marques Pinto, medalhista português, que na revista “A Medalha”, editada em Portugal em novembro de 1973, propôs o abaixo expresso. São pertinentes seus pontos, razão pela qual deve ser de conhecimento dos colecionadores brasileiros, e quiçá até expandido por estes, ficando aqui o convite para tal. Para manter incluso o texto do eminente medalhista luso, a grafia será mantida tal como o fôra publicada na citada revista.
Refiltamos, pois, e que outros trabalhos advenham como consta no item 10.
1 Aprecia e admira a medalha como documento histórico e como peça de arte, antes de lhe atribuíres valores comerciais, de a considerares um objeto de valorização, ou meio de capitalização.
2 Se és verdadeiramente amigo da medalha, salienta com entusiasmo as suas virtudes e deixa que sejam outros a preocuparem-se com a descrição de eventuais efeitos.
3 Nunca duvides da honestidade dos autores na realização dos seus trabalhos. Eles procuram servir-te e agradar-te o melhor que podem, porque em cada medalha se arriscam a sua carreira artística e o seu prestígio pessoal, que querem ver constantemente engrandecidos.
4 Ao fazeres a apreciação de uma nova medalha, sê compreensivo e benevolente. É fácil, mas nem sempre é justo julgar e criticar num minuto o trabalho que levou horas, dias ou meses a conceber e a realizar.
5 Orgulha-te da tua coleção, que os outros orgulham-se de ti. Se mostrares as tuas medalhas a elementos estranhos ao movimento, encarece os efeitos artísticos, históricos e didácticos das peças que vens reunindo. Valorizando as medalhas que possuis, valorizas o teu património.
6 Sê contemporizador em face dos aspectos da Medalhística que te desagradam. Antes de censurares atitudes alheias certifica-te de que não merece censura a tua própria atitude.
7 Apoia sempre e incondicionalmente a criação e emissão de novas medalhas, embora nem todas mereçam a tua simpatia e o teu interesse. És livre para escolher a qualidade e podes livremente desprezar a quantidade.
8 Presta homenagem ao esforço e ao trabalho dos que, por qualquer forma, contribuem para o desenvolvimento da Medalhística. Tu és exatamente um dos beneficiários desse esforço e desse trabalho.
9 Respeita a opinião dos demais medalhistas, mesmo que ela seja contrária à tua. A discussão é salutar se visar espírito construtivo, mas as opiniões alheias são tão respeitáveis como a tua.
10 Não te limites a uma posição de expectativa. Contribui activamente na expansão e na defesa da dignidade da medalha, participando, colaborando em todas as iniciativas que se promovam com tais objetivos.
Ref: “A Medalha – Revista de Medalhística” – Nº 17 - Novembro de 1973 - Lisboa - Portugal
Foto: Dennis Jarvis / Retrato do Engraver Augusto Girardet, de Rodolfo Amoedo, 1919
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