União Europeia avalia fim das moedas de 1 e 2 cêntimos: alto custo, pouco uso e pressão pública aceleram debate
A Zona Euro pode estar prestes a seguir o exemplo dos Estados Unidos e descontinuar suas moedas de menor valor. A proposta de eliminar as moedas de 1 e 2 cêntimos de euro ganha força em 2025, impulsionada pelo alto custo de produção, baixa utilidade prática e crescente apoio popular. A decisão, porém, exige consenso entre os 20 países que usam o euro como moeda oficial.
O debate ressurgiu após os EUA anunciarem o fim da produção do centavo. A decisão americana ocorreu quando o custo de fabricação do centavo ultrapassou três vezes seu valor nominal. Em resposta, uma ordem presidencial encerrou a cunhagem em 2025. O episódio reacendeu discussões semelhantes na Europa, onde moedas de 1 cêntimo podem custar até 1,7 cêntimo para serem produzidas.
Desde 2002, os custos de fabricação dessas moedas já somaram cerca de 1,4 bilhão de euros. O problema não é apenas econômico. As moedas pequenas praticamente saíram de circulação: muitas são perdidas ou acumuladas, e raramente retornam aos bancos. Só na Lituânia, meio milhão de euros somem por ano em moedas de 1 e 2 cêntimos.
Empresas e bancos também se queixam dos custos logísticos. Armazenar, contar e transportar essas moedas representa um gasto desproporcional ao seu valor. Em outros países, como o Canadá, esse tipo de manuseio já custava dezenas de milhões por ano antes do fim do centavo canadense.
Pesquisas do Eurobarómetro mostram que a maioria dos cidadãos apoia a extinção dessas moedas. Em 2024, 61% dos entrevistados em toda a Zona Euro se disseram favoráveis ao fim das moedas pequenas. Em 2021, esse número era ainda maior: 67%. Mas o apoio não é uniforme. Grécia, Chipre e Espanha mostram maior resistência.
Na ausência de um acordo político para eliminar essas moedas em toda a zona, muitos países têm adotado uma solução intermediária: o arredondamento obrigatório de preços. Bélgica, Irlanda, Itália, Países Baixos, Finlândia, Eslováquia, Estónia e Lituânia já exigem que pagamentos em dinheiro sejam arredondados para os 5 cêntimos mais próximos, reduzindo o uso das moedas de 1 e 2 cêntimos, embora elas ainda tenham curso legal.
O arredondamento, além de reduzir custos operacionais, não causou aumento significativo de preços. Estudos mostram impacto neutro no longo prazo. Para os consumidores, a mudança tende a ser imperceptível. Para os comerciantes, representa menos tempo e custo no caixa.
A continuidade desse movimento depende da articulação entre os bancos centrais, governos e a Comissão Europeia. Fóruns nacionais, como o estabelecido pelo Bundesbank na Alemanha, têm pressionado por mudanças legislativas. A tendência aponta para uma retirada progressiva das moedas pequenas, a partir de medidas práticas e não de uma abolição abrupta.
Enquanto isso, a Europa observa os efeitos da decisão americana. Se os Estados Unidos conseguirem eliminar o centavo sem prejuízos ao consumidor, o caminho para a Zona Euro ficará ainda mais aberto.